Realidades ficcionais pouco importantes I, (2015) < scroll down for english version >

O trabalho é uma reflexão sobre certas questões que orbitam na relação de território, fronteira, pós capitalismo e estratégias de permanência cultural. Os murais de emprego e serviços são suportes muito ultilizados em diversas comunidades de imigrantes por todo o mundo, eles difundem desde empregos até informes culturais, retirada de documentos, avisos pessoais, dentre outros focados na própria comunidade. Durante alguns meses, procurou-se estabelecer um diálogo indireto e silencioso com a comunidade Boliviana residente próximo a praça Kantuta, (bairro do Canindé / São paulo), criando e adicionando folhetos a um mural específico situado no local. Aos poucos estes folhetos (nas mesmas cores e seguindo a formatação e tipologias usadas neste contexto) dividiam espaço e tencionavam este lugar, criavam-se ali novas relações e formas de reflexão sobre diferentes questões, desde a conhecida exploração e aliciamento de trabalho, a utilização da imagem de povos indígenas em produtos comercializados pelo governo de Evo Morales ( presidente de linhagem indígena), as questões envolvendo áreas devastadas, desapropriadas pela madeireira Mabet - patrocinada pelo governo boliviano, ( com cópias de documentos referentes a estes processos), até o preocupante fato (acontecendo atualmente), de descendentes de uma comunidade indígena situada na fronteira entre Brasil e Bolívia, os Pacahuara, que optaram recentemente pelo suicídio étnico ( ainda vivos, optaram por não se reproduzirem mais ).Os assuntos tomam corpo sob uma forma de uma espécie de invisibilidade que perturba, visto que as gerações mais novas dos descendentes de imigrantes latino-americanos aqui em São Paulo em sua grande maioria acham pejorativo e não gostam de ser ralacionados à sua raiz indígena, não gostam de ser chamados de “índio” (questão delicada que se torna recorrente). Refletir sobre esta destorcida construção socio-cultural que se enraizou silenciosamente durante anos de história e que direta ou indiretamente envolve a todos nós povos latino-americanos foi delicado, envolveu muita negociação e foi de grande importância, entendendo tambem nossa própria raiz indígena. O trabalho montado ali no local teve que ser removido três vezes, ja que a geração mais jovem da comunidade Boliviana residente ali sentiu-se ofendida e exigiu a remoção do trabalho.
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Minor Fictional Realities I_2015

The proposed research is a reflection on certain issues that orbit on the relationship of territory, border, post capitalism and cultural permanence strategies. The employment murals and services are supports widely used in immigrant communities around the world, they spread from employment to cultural reports, the issue of documents, personal communications, among others focused on the local community. For a few months, I tried to establish an indirect and silent dialogue with the Bolivian community resident near Kantuta square (Neighborhood of Canindé / São Paulo), creating and adding leaflets to a specific wall located on that place. Gradually these leaflets (in the same colors and following the formatting and typologies used in this context) shared space and created a tension in this place, were raised there new relations and ways of thinking about different issues, from the known exploration and grooming work, the exploration of the image from the indigenous people in commercial products by the government of Evo Morales (of Indian descent), issues involving devastated areas expropriated by the Mabet wood company - sponsored by the Bolivian government, (with copies of documents relating to those proceedings) to the disturbing fact (happening now), from the descendants of an indigenous community located on the border between Brazil and Bolivia, the Pacahuara, who recently opted for an ethnic suicide (still alive, and have chosen not to reproduce more). The subjects take shape in a form of invisibility that disturbs, bothers, since the younger generations of the descendants of Latin American immigrants in São Paulo mostly find pejorative and do not like to be related to its indigenous roots, do not like to be called "Indian" (delicate issue that becomes recurrent). Reflect on this distorted socio-cultural construction that has taken root quietly for years of history and that directly or indirectly involves us all Latin American people was delicate, has involved a lot of negotiation but it was extremely important, since we have our indigenous roots. The work mounted there at the place had to be removed three times, since the younger generation of the Bolivian community felt offended and demanded the removal of the work.






Invisiveis, 2015 / audio 2 canais / 5:39 min - gravado no cortiço Paz, Canindé - São Paulo / crianças: Pablo R. Nuria G. e Munito J.
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Invisible 2015 / audio 2ch / 5:39 min - recorded in tenement Paz, Canindé - São Paulo / children: Pablo R. Nuria G. and J. Munito


Realidades ficcionais pouco importantes  I, 2015 - site specific (detalhe)
painél em madeira, folhetos (criados e apropriados) grafite, carvão e giz sobre papel, alfinetes e objetos trocados / dimensões variáveis.
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Minor Fictional Realities I_2015 - site specific (detail)
wood panel, flyers (created and appropriate) graphite, charcoal and chalk on paper, exchanged pins and objects / variable dimensions.



Realidades ficcionais pouco importantes  I, 2015 - Praça Cantuta / Canindé / SP (segundo local)
painél em madeira, folhetos (criados e apropriados) grafite, carvão e giz sobre papel, alfinetes e objetos trocados / dimensões variáveis.
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Minor Fictional Realities I_2015 - site specific  - Kantuta Square / Caninde / SP (second location)
wood panel, flyers (created and appropriate) graphite, charcoal and chalk on paper, exchanged pins and objects / variable dimensions.



Em 2009, a justiça de Pando (Região da Amazônia Boliviana) declarou-os ilegais. 
Cinco famílias Pacahuaras decidem então por um suicídio étnico. O processo todo levou quase um ano, e autoridades disseram que é irreversível. Os Pacahuara são os últimos ameríndios nômades da Bolívia, eles se recusaram a se integrar a "civilização". aldeias semelhantes no Peru e no Brasil, conhecidos como “não-contatados" ou "isolados" receber tratamento privilegiado e respeito pela sua decisão de se isolar do mundo moderno, ao contrário do que acontece na Bolívia.
Durante as expedições realizadas pelo padre Francisco Xavier Negrete entre 1795 e 1800 que procuravam "infiéis" Pacahuaras para se concentra-los em missões evangelizadoras, houveram várias "transferências" de grupos que concordaram em seguir o “bom frade”, que os ofereceu o batismo e vestimentas. trabalho que causou decepção a Negrete, porque este indígena "reduzido" voltava para a selva para despir-se novamente, pois o Deus cristão "carayana" colocava muito sofrimento e humilhação no caminho até a felicidade prometida. missionários americanos, e mais tarde os missionários suecos vieram para criar três “reduções” agrícolas perto de Riberalta, reservadas para os Chacobos e Pacahuaras: Puerto Tujuré, o principal refúgio destinado a famílias Pacahuaras além de Alto Ivon e Cachuelita.
Os sobreviventes Pacahuara de Alto Ivon, liderados por Bose e Buca Yacu tentaram conseguir um pedaço de terra em Mabet para voltar ao seu território original em Pando depois de quase 40 anos. Curiosamente o Governo, apesar da vontade positiva de Mabet, não considerou a possibilidade de salvar da miscigenação e da extinção etno-cultural estes  Pacahuara sem terras na reserva Chacobo, em Beni, pois os consideravam excessivamente minoritários e sem importância eleitoral, sua iminente destruição foi desencadeada pela ditadura de Banzer. Militares do ditador Banzer exterminaram em 1974 os principais líderes Pacahuaras, banindo os sobreviventes para uma "reserva" beniana em Puerto Tujuré (Riberalta). O pródigo território Pacahuara foi muito explorado e há 37 anos estava à mercê de madeireiros, ligados à ditadura militar. A estes últimos decendentes Pacahuara, sobra a batalha final da guerra de extermínio desencadeada contra eles pela "civilização" moderna, traídos e enganados por um "Estado plurinacional", que os mostra como uma das 36 nações e línguas indígenas reconhecidos pela atual Constituição, sem impedir a sua anunciada extinção.

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In 2009, the justice of Pando (the Bolivian Amazon Region) declared its illegal.
Five families Pacahuaras decide then for an ethnic suicide. The whole process took almost a year, and officials said is irreversible. The Pacahuara are the last nomadic Amerindians of Bolivia, they refused to join the "civilization". similar villages in Peru and Brazil, known as "uncontacted" or "isolated" receive special treatment and respect for their decision to isolate the modern world, unlike what happens in Bolivia.
During the expeditions undertaken by the priest Francisco Javier Negrete between 1795 and 1800 that sought to "infidels" Pacahuaras to concentrate them on evangelizing missions, there were several groups "transfers" who agreed to follow the "good frade” who offered the baptism and clothing. A work that caused Negrete disappointment, because this native "reduced" back into the jungle to undress again because the Christian God "carayana" put a lot of suffering and humiliation on the way to the promised happiness. American missionaries, and later the Swedish missionaries came to create three "reductions" farm near Riberalta, reserved for Chacobos and Pacahuaras: Puerto Tujuré, the main refuge for the families Pacahuaras beyond Alto Ivon and Cachuelita.
The Pacahuara survivors from Alto Ivon, led by Bose and Buca Yacu tried to get a piece of land in Mabet to return to their original territory in Pando after nearly 40 years. Curiously the Government, despite the positive will of Mabet, did not consider the possibility of saving these Pacahuara without land from the miscegenation and ethno-cultural extinction in Chacobo reservation in Beni, because they considered them excessively minority and with no electoral importance, its imminent destruction was triggered by the Banzer dictatorship. Banzer's military dictator exterminated in 1974 the main Pacahuaras leaders, banishing the survivors to a "reserve" Benian in Puerto Tujuré (Riberalta). The prodigal territory Pacahuara was very explored and for 37 years was at the mercy of loggers connected to the military dictatorship. For the latter Pacahuara descendants, left the final battle of the war of extermination unleashed against them by "civilization" modern, betrayed and cheated by a "plurinational" state, which displays them as one of the 36 indigenous nations and languages recognized by the present Constitution, without prevent their announced extinction.





Realidades ficcionais pouco importantes  I, 2015 - site specific (detalhe)
painél em madeira, folhetos (criados e apropriados) grafite, carvão e giz sobre papel, alfinetes e objetos trocados / dimensões variáveis.
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Minor Fictional Realities I_2015 - site specific (detail)
wood panel, flyers (created and appropriate) graphite, charcoal and chalk on paper, exchanged pins and objects / variable dimensions.


Realidades ficcionais pouco importantes  I, 2015 - Praça Cantuta / Canindé / SP (segundo e terceiro local)
painél em madeira, folhetos (criados e apropriados) grafite, carvão e giz sobre papel, alfinetes e objetos trocados / dimensões variáveis.
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Minor Fictional Realities I_2015 - site specific  - Kantuta Square / Caninde / SP (second and third location)
wood panel, flyers (created and appropriate) graphite, charcoal and chalk on paper, exchanged pins and objects / variable dimensions.
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